No Brasil, o verão que desmobiliza as instituições do Estado é tradicional e historicamente a estação de caça aos pobres e aos seus direitos.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=174540&id_secao=8
Por Alipio Freire*
Domingo, 22 de janeiro de 2012: a Comunidade do Moinho recebe desde cedo centenas de visitantes que se juntam aos moradores locais. Situada na avenida Rio Branco (centro de São Paulo), entre duas linhas férreas, a comunidade reúne cerca de 700 famílias.
Os que chegam são militantes de grupos culturais de bairros populares e da periferia, de diversas organizações de defesa dos direitos humanos e de outros temas pertinentes a problemas do dia-a-dia dos mais pobres.
Trata-se de um ato de solidariedade e protesto: há exato um mês (22.12.2011), um incêndio destruiu 300 barracos – metade das habitações que ali existiam. O incêndio do Moinho abriu a temporada das violências que se abateram sobre as populações pobres do município e do estado de São Paulo. Especialmente aquelas estabelecidas em áreas (urbanas ou rurais) altamente valorizadas.
O incêndio criminoso abriu a temporada de crimes-de-verão do prefeito Gilberto Kassab e do governador Geraldo Alckmin, contra os pobres e os miseráveis paulistas. As tropas do senhor Alckmin, na madrugada do mesmo domingo 22 de janeiro, desobedecendo à decisão da Justiça Federal e a serviço do mais que “manjado” frequentador de notícias policiais, o senhor Naji Nahas, invadiu e expulsou os moradores da Comunidade do Pinheirinho,
Entre um e outro crime (Moinho e Pinheirinho), o superespetáculo contra a chamada Cracolândia: a dor e o sofrimento como pedagogia. Enfim, é necessário entregar rapidamente à Odebrecht aquela área. Em ano eleitoral, não cumprir compromissos com as empreiteiras afeta os caixas- dois das campanhas.
No Brasil, o verão – anunciado pelo consumo natalino e concretizado com as férias e viagens que desmobilizam as instituições do Estado, e todo tipo de organizações e movimentos de defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo – é tradicional e historicamente a estação de caça aos pobres e aos seus direitos.
Lembram do Ato Institucional Número Cinco, decretado na noite de 13 de dezembro de 1968?
*Alípio Freire é escritor e jornalista.
Fonte: Brasil de Fato
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