sexta-feira, 11 de maio de 2012

Fortes indícios da ligação entre Perillo e Cachoeira

O delegado da Polícia Federal Matheus Mela, que coordenou a Operação Monte Carlo, afirmou ontem haver "indícios veementes" de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), vendeu uma casa diretamente a Carlinhos Cachoeira. A declaração foi dada ontem (10), durante depoimento sigiloso à CPMI do Cachoeira, e contradiz a versão do governador tucano, que afirma ter vendido a casa para a empresa do senhor Walter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, de Goiânia.



Diante das declarações do delegado, Perillo afirmou na quinta-feira que "não observou o nome do emitente [dos cheques] pois a casa só seria escriturada após a devida quitação". Ele afirma, inclusive, que nunca fez negócios com Cachoeira, com quem diz manter apenas uma relação superficial.


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De acordo com o delegado da PF, a casa do governador, que fica em um condomínio de luxo em Goiânia, custou R$ 1,4 milhão. Os cheques para o pagamento, afirma, foram assinados por um sobrinho de Cachoeira, nos valores de R$ 400 mil (dois) e R$ 600 mil.

O delegado contou ainda que o nome do governador foi citado em 237 conversas telefônicas entre Cachoeira e pessoas do seu grupo, que são suspeitos de corrupção e de explorarem jogo ilegal.

O jornal Folha de S.Paulo afirma em reportagem que teve acesso à íntegra do áudio da sessão sigilosa na qual depôs o delegado. Ao ser perguntado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre se a casa na qual Cachoeira foi preso pertencia ao governador, o delegado respondeu: "Sim, pertencia ao governador".

E complementou: "Há indícios veementes de que o senhor Carlos Cachoeira adquiriu provavelmente essa casa. Foi feita uma interligação usando intermediário que seria o sobrinho do senhor Carlos, que teria dado cheques para pagar essa casa", contou.

Mela diz que é preciso investigação no Superior Tribunal de Justiça, corte que apura casos de governadores.

A Folha revelou em abril que diálogos interceptados pela PF mostram Cachoeira orientando um de seus auxiliares, o ex-vereador Wladimir Garcez, a entregar dinheiro na sede do governo goiano.

O delegado contou ainda que o governador teve dois encontros pessoais com Cachoeira e que o empresário tinha uma "cota" de cargos no governo de Goiás.

Perillo já confirmou que encontrou Cachoeira, quando teriam falado de incentivos fiscais a um laboratório do empresário. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que Perillo deveria ser ouvido "imediatamente".

O delegado citou durante seu depoimento uma lista com 82 nomes que tiveram relações ou foram apenas citados em conversas de Cachoeira. O que, reforçou o delegado, não significa que tenham envolvimento com o grupo de Cachoeira.

Com Folha de S. Paulo

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