Cem jovens do Levante Popular da Juventude fizeram o ‘esculacho’ do tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, que foi reconhecido pela presidenta Dilma Roussef como torturador da Operação Bandeirante, no município do Guarujá, no litoral de São Paulo (Rua Tereza Moura, 36), nesta segunda-feira (14).
O movimento social Levante Popular da Juventude promove mais uma rodada de ‘esculacho’ de torturadores e agentes da repressão da ditadura em todo o país, nesta segunda-feira (14). Os manifestantes apoiam a instalação da Comissão da Verdade, cobram a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exigem que os torturadores sejam julgados e punidos.
Os jovens saem às ruas para denunciar a impunidade de torturadores e criminosos da ditadura com o objetivo de sensibilizar a sociedade e garantir que a Comissão tenha liberdade para fazer o seu trabalho. Que sejam esclarecidos as graves violações de direitos humanos, como torturas, mortes, desaparecimentos, ocultação de cadáveres. E também identificados os autores desses crimes e das estruturas estatais e privadas envolvidas nesses crimes.
Torturador de Dilma
Em depoimento à Justiça Militar, em 1970, quando tinha 22 anos, Dilma afirmou ter sido ameaçada de novas torturas por dois militares chefiados por Lopes. Ao perguntar-lhes se estavam autorizados pelo Poder Judiciário, recebeu a seguinte resposta: "Você vai ver o que é o juiz lá na Operação Bandeirante" (um dos centros de tortura da ditadura militar).
Maurício Lopes Lima foi apontado pelo Ministério Público Federal (MPF), em ação civil pública ajuizada em novembro de 2010, como um dos responsáveis pela morte ou desaparecimento de seis pessoas e pela tortura de outras 20 nos anos de 1969 e 1970. Segundo o MPF, o militar foi "chefe de equipe de busca e orientador de interrogatórios" da Operação Bandeirante (Oban) e do DOI/Codi.
Lopes nega ter torturado qualquer preso, incluindo a presidenta, mas admite que a tortura era um procedimento comum à repressão. Em entrevista ao jornal A Tribuna, de Santos, em 2010, declarou: “Eu sou uma testemunha da tortura. Sim, eu sou. (...) a tortura, no Brasil, era uma coisa comum (...) da polícia nossa.”
Em entrevista em 2003 ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho, Dilma foi perguntada de quem apanhava quando estava presa e respondeu: “O capitão Maurício sempre aparecia”.
Dilma, que era uma das líderes da VAR-Palmares, foi presa em 16 de janeiro de 1970. Ela foi brutalmente torturada e seviciada, submetida a choques e pau-de-arara durante 22 dias. No depoimento à Justiça Militar, em Juiz de Fora, em 18 de maio, cinco meses depois de ser presa, Dilma deu detalhes da tortura no Dops. "Repete-se que foi torturada física, psíquica e moralmente; que isso de seu durante 22 dias após o dia 16 de janeiro (dia em que foi presa)", diz trecho do depoimento.
Em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte (MG), cerca de 100 jovens do Levante Popular da Juventude fizeram um ‘esculacho’ na casa de João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Policia Civil da ditadura militar, que foi denunciado pela participação em um crime de assassinato e tortura em Belo Horizonte, em 1969.
O médico-legista atestou em laudo médico que o jovem João Lucas Alves havia se suicidado, apesar do corpo apresentar deformações em consequência das fortes torturas, de acordo com o Tortura Nunca Mais.Nas torturas que sofreu nesse departamento policial, João Lucas teve vários ossos quebrados, olhos vazados, além de queimaduras generalizadas. Onofre Pinto (ex-banido e desaparecido em 1974), preso na mesma época, denunciou o ocorrido em depoimento à organização “Amnesty International”.
O laudo médico, requerido pelo advogado Modesto da Silveira, revelou unhas arrancadas, escoriações e equimoses ao longo do corpo, inclusive no rosto e nas nádegas, não demonstrando qualquer indício do suposto suicídio por enforcamento.
De Brasília
Com informações do Levante Popular da Juventude
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