sexta-feira, 1 de junho de 2012

Casa do Tucano Perillo caiu

Pagamentos e cheques ligam Perillo à Delta e a Cachoeira

 

A situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), se complica a cada dia. Segundo peritos da Polícia Federal — que analisam os documentos da operação Monte Carlo — os cheques que remuneraram o governador tucano pela venda de uma casa em 2011 saíram de uma conta bancária que recebeu dinheiro da empreiteira Delta.


Ao vender o imóvel, Perillo recebeu três cheques da Excitant Confecções — grife de roupas pertencente a uma cunhada de Cachoeira, Rosane Puglisi — oriundos de uma conta na Caixa Econômica Federal em Anápolis (GO). Dois eram de R$ 500 mil e um era de R$ 400 mil. Segundo a PF, a Delta depositou pelo menos R$ 250 mil nessa conta por meio de uma empresa fantasma chamada Alberto e Pantoja Construções, criada pelo grupo do empresário Carlinhos Cachoeira só para receber dinheiro da empreiteira.

Os três cheques, nominais a Perillo, têm datas de 2 de março, 2 de abril e 2 de maio de 2011. Nesse período, a Delta repassou dinheiro para a Pantoja. No dia 30 de março, por exemplo, houve um repasse de R$ 1 milhão. Quatro dias depois, a Pantoja transferiu R$ 250 mil para a Excitant, a confecção titular dos cheques que pagaram Perillo.

A casa vendida por Perillo tem 454 m². Fica num condomínio de luxo em Goiânia. A transação foi efetivada por R$ 1,4 milhão em julho. É o mesmo imóvel onde Cachoeira foi preso, em 29 de fevereiro, pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal.

Pagamento de campanha

O jornalista Luiz Carlos Bordoni, responsável pela campanha radiofônica de Marconi Perillo na eleição de 2010, afirma que parte do pagamento que recebeu pelo serviço veio de uma empresa fantasma do esquema de Carlinhos Cachoeira. Em matéria publicada nesta sexta (31), pelo jornal O Estado de S. Paulo, Bordoni, diz que o pagamento, também feito pela Alberto e Pantoja, foi comandado por Lúcio Fiúza Gouthier, assessor especial de Perillo.

O depósito de R$ 45 mil, referente à metade do total de R$ 90 mil que o jornalista diz ter ficado pendente de pagamento após as eleições, foi feito pela Alberto e Pantoja na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni, em 14 de abril de 2011, e consta dos autos da Operação Monte Carlo.

Segundo o jornalista, o pagamento saiu depois de ele ter cobrado o staff de Perillo da dívida, que já perdurava seis meses. Quem cuidou da operação foi o assessor do governador.

"O sr. Lúcio Gouthier me ligou perguntando o número da minha conta pra depositar esse dinheiro. Eu disse a ele que estava viajando, e que minha filha, que paga minhas contas e administra as minhas coisas, iria receber. Dei o número da conta dela para ele. De repente, essa conta foi passada para a Pantoja", sustentou Bordoni, em entrevista ao Estadão. "O dinheiro foi depositado pela Pantoja na conta da minha filha. Era dívida de campanha do governador Marconi Perillo dos R$ 90 mil de saldo do trabalho que prestei a ele no programa de rádio na campanha de 2010."

Bordoni diz ter resolvido vir a público denunciar o pagamento quando o nome de sua filha foi citado durante o depoimento de Demóstenes ao Conselho de Ética, anteontem, e por ter tido sua credibilidade sob suspeita. "Prestei o serviço honestamente. Não vou deixar que ninguém venha avacalhar minha credibilidade por causa de Cachoeira."

Folha de S.Paulo e jornal o Estado de S. Paulo

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