Agora ficou claro o motivo dessa greve fora de hora. Com proximidade das eleições, interesses eleitorais dão a senha para o caos, com prejuízos para a população e governo, no final. Não poderia ser mais oportuno que a direção do PSDB estivesse por tras disso tudo. O laranja,
Nélio Botelho, comanda pele INTERNET, com apoio do PSDB, 1,8 milhão
de caminhoneiros, gosta de greves e votou duas vezes em FHC
Na rodovia Fernão Dias, nos dois sentidos, em
alguns momentos do dia a soma dos engarrafamentos passou de 40 quilômetros. Cargas foram perdidas |
A
greve dos caminhoneiros, que completou ontem o seu terceiro dia, divide
os agentes do setor de transportes de carga no país. De um lado, está o
Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), liderado por Nélio
Botelho, que comanda a operação via internet e articula paralisações em
vários estados. De outro, entidades ligadas a confederações e
associações de transportadores autônomos e a empresas transportadoras
são contra a paralisação por verem nela interesses individuais.
Todos
defendem, no entanto, que é preciso aparar arestas na legislação que,
depois de 40 anos de espera, começa a regulamentar o segmento. Ontem, o
protesto causou transtornos em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e
no Sul do país. Foram 27 pontos de bloqueio no país. O abastecimento
ainda não ficou comprometido, mas os atrasos já causam prejuízos para
muitos brasileiros que passam ou não pelas rodovias escolhidas como
palcos das paralisações.
Quem é Nélio Botelho
Botelho foi eleitor de
Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998 e no PSDB nas últimas eleições, partido do qual, o líder
sindical se diz simpático.
Leandro
Pimentel
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”
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Durante
a infância, em Araxá (MG), Nélio Botelho fabricava seus próprios caminhões
de brinquedo com latas de sardinha. Aos 34 anos, com dinheiro emprestado,
comprou um de verdade. Na boléia do Mercedes 1113, o modelo mais barato
da montadora, transportou cimento. Hoje é o presidente
do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), que tem 1,8 milhão de
filiados e coloca o governo em polvorosa a cada greve da categoria que
ele comanda. “A greve só acontece porque o governo não faz nada por
nós. Se pudesse ficava no mato, sou da roça”, diz o sindicalista.
Em 1985,
o líder dos caminhoneiros encabeçou a primeira greve nacional da categoria,
que culminou com a criação dos primeiros sindicatos. Até então, os caminhoneiros
eram vinculados aos sindicatos de taxistas. Botelho assumiu a presidência
do primeiro sindicato de caminhoneiros, com base no Rio de Janeiro e
no Espírito Santo.
Mas a estréia
como líder aconteceria um ano mais tarde, durante a greve do transporte
de combustível da refinaria da Petrobrás em Duque de Caxias (RJ). O
sindicalista estava na linha de frente. “Vi o Botelho evitar que a polícia
nos dispersasse”, conta Hércules Pereira, 44 anos, também fundador do
MUBC. “O comandante da PM atendeu a um pedido dele.”
Mesmo depois
da greve de 1985, os caminhoneiros continuaram dispersos. Para mudar
esse quadro, começou a idealizar o MUBC.
Mas Botelho
também enfrenta problemas internos. Um deles aconteceu na negociação
de uma greve da categoria. Contrário à proposta do governo,
ele não compareceu à reunião marcada em Brasília.
O presidente da Federação Interestadual de Caminhoneiros Autônomos,
José Fonseca Lopes, foi ao encontro e assinou o acordo. “A greve não
acabou com o acordo, mas com a violência da polícia”, diz Botelho.
Botelho
parou de estudar no primeiro ano ginasial e teve de sair de casa aos
17 anos porque o pai, ferroviário, passava por dificuldades financeiras.
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