A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a relação de agentes públicos e privados com o crime organizado comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, ouve nesta semana depoimentos considerados por seus integrantes como “polêmicos” e “esclarecedores”.
Entre os convocados estão o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot; o ex-diretor da estatal paulista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, e o ex-presidente da empreiteira Delta, Fernando Cavendish.
Para o líder da bancada do PT, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), os depoimentos desta semana representam oportunidades de os depoentes “manifestarem de forma transparente tudo que aconteceu entre o crime organizado e o PSDB”. “Se os depoentes colaborarem com a CPMI, estarão prestando um grande serviço ao Brasil”, ponderou Jilmar Tatto.
Em recente entrevista concedida à revista IstoÉ, Pagot denunciou o desvio de recursos públicos para abastecer caixa dois da campanha do tucano José Serra à Presidência da República, em 2010. Ele disse que em sua gestão à frente do Dnit contrariou interesses da Construtora Delta e de Carlos Cachoeira.
O ex-diretor do Dnit foi demitido após divulgação de matéria elaborada pela revista Veja. Interceptações telefônicas apontam relação estreita entre o diretor da sucursal da revista em Brasília, Policarpo Júnior com a rede liderada por Cachoeira. Pagot depõe nesta terça-feira (28).
Na quarta-feira (29), depõem Paulo Preto e Cavendish. Paulo Preto é considerado homem de confiança do tucano José Serra. Ele era o responsável pela obra viária conhecida como Rodoanel, entre outras, e terá de explicar suspeitas de superfaturamento. Ele é ainda acusado de pressionar o Dnit para liberar recursos para a campanha de Serra à Presidência da República.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, deste fim de semana, Paulo Preto mandou recado à cúpula do PSDB dizendo que os atos por ele praticados à frente da Dersa eram de conhecimento de José Serra, atual candidato tucano à Prefeitura de São Paulo.
Já o depoimento de Cavendish pode não ocorrer, pois seus advogados entraram com pedido de habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que exerça o direito constitucional de ficar em silêncio.
Além desses depoimentos, a comissão ouve o empresário Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplenagem e SP Terraplenagem. As empresas são consideradas “laranjas”. O depoente também utilizará da prerrogativa constitucional de permanecer calado.
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