Jose Serra, o presidente nato, aquele que nasceu para governar o País, aquele que não cumpre mandatos, aquele que persegue jornalistas, aquele que teve um traumatismo craniano ao ser atingido por uma BOLINHA DE PAPEL, aquele que tira caraça do nariz, aquele que não escova os dentes, é também motivo de piada entre políticos tucanos. Para piorar, José Serra e sua ampla simpatia – que colabora tanto com as lentes dos fotógrafos- resolveu ficar de mal com o jornal que declarou em edital voto a ele.
As principais lideranças tucanas de São Paulo se reuniram na última sexta-feira (31). O clima não poderia ser pior. A discussão sobre os rumos da candidatura de Serra quase terminou em agressão física, evitado pela turma do bem do partido. Era o fim de um agosto, amargo para o candidato tucano.
No começo do mês, Serra estava na liderança das pesquisas. Mantinha uma imagem de vôzinho, meio desastrado, a mídia e Haddad não ameaçava ninguém, ainda abaixo dos 10%.
Tudo começou a virar com a entrada do horário político. Serra foi ultrapassado por Russomano na pesquisa Ibope. O petista Fernando Haddad cresceu forte, rompeu a barreira dos 10% e está a 4 pontos do tucano (16% a 20%). Ainda nas cordas, viu sua rejeição explodir. Ultrapassou os 40%, índice comparado apenas a Maluf e que torna tecnicamente inviável a eleição de um candidato.
Como se fosse pouco, Serra deu uma grosseira entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, na qual ataca a reportagem, acusando o jornal de ficar “do lado dos transgressores” e mente ao defender um crime.
Serra perdeu o norte ao ser questionar sobre a quebra de sigilo médico do caminhoneiro José Machado. O paciente apareceu na propaganda eleitoral de Haddad afirmando ser portador de catarata e esperar a dois anos na fila da cirurgia.
Foto: Caminhoneiro tem sigilo médico quebrado por prefeitura após denunciar ineficiência no serviço de saúde de SP
Procurado pela reportagem do Estadão, a Secretaria da Saúde da cidade divulgou a ficha do paciente. Afirmou que Machado não sofria de catarata, mas de pterígio (uma espécie de pele que recobre parte do olho). O que permitiu a Serra defender-se acusando a campanha de Fernando Haddad de “manipulação”.
Serra afirmou que a decisão de cometer um crime foi um “serviço de utilidade pública” prestado pela Secretaria de Saúde. “É a primeira vez que vejo um jornal ficar do lado dos transgressores”. Serra diz que não houve quebra de sigilo. “Você pisaram no tomate, francamente. O PT saiu falando ‘pega ladrão, pega ladrão’ e vocês caíram nessa. Esse cidadão não tinha catarata”.
Na mesma aspa Serra cometeu dois erros. Um de informação; o outro político. O candidato tucano ignorou a informação que no dia anterior Machado havia passado por consulta em uma unidade do SUS –inicialmente marcada para 26 de dezembro – na qual foi constado que Machado, além de pterígio também tem catarata. Na verdade, Machado ainda não operou da catarata porque falta um exame pedido pelos médicos e que a Secretaria alega não fazer parte do SUS.
O erro político é quase uma infantilidade para quem se autodeclara o mais preparado. O Estadão é aliado Serrista de tempos imemoriais. Foi o único jornal a declarar apoio público a Serra em 2010 e demitiu uma colunista, Maria Rita Kehl, que ousou questionar a campanha intestina do tucano.
Outro erro, por óbvio, foi apoiar um crime, classificando-o como “serviço público”. O art. 154 do Código Penal Brasileiro estabelece prisão de 3 meses a 1 anos para quem “revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem”. Na entrevista Serra acusou Haddad por esse crime. No entanto, a doença do caminhoneiro José Machado foi revelada pelo próprio paciente.
Na consulta em que ficou comprovado que Machado tem catarata, além de pterígio, estavam presentes, segundo o Estadão, o diretor técnico do hospital, Pedro Cardoso, o gerente administrativo do Instituto Cema (braço do hospital que atende pelo SUS), Edgar Escobar, e assessores de imprensa do Cema. O vereador Carlos Neder (PT), coordenador de planejamento de saúde de Haddad, também esteve lá, a convite da mulher de Machado.
Justiça Eleitoral, Ministério Público e Conselho Regional de Medicina abriram investigação para apurar os crimes cometidos pela Secretaria de Saúde.
Vereadores
No mesmo dia
Segundo o jornal, Antônio Carlos Rodrigues (PR), um dos caciques políticos da zona sul, associa apenas parte do seu material de campanha a Serra. Em outros, lembra que é suplente da senadora Marta Suplicy (PT).
O clima tenso na candidatura tucano deu-se após a reunião entre Gonzales e a cúpula da campanha de Serra. O encontro foi noticiado pela Folha, no dia 30, quando a pesquisa Datafolha mostrou Serra com 43% de rejeição. No dia seguinte, 31, Serra vai ao Estado e ataca a reportagem do jornal.
Fonte: @pagina2, no Facebook
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