quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Rovai: A ética tucana e a ameaça de morte ao jornalista da Folha

O repórter André Camarante, da Folha de S. Paulo, está vivendo fora do Brasil por conta das ameaças que sofreu em decorrência da reportagem: “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”.

 

O Coronel Paulo Telhada é o personagem principal da matéria. Ele acaba de ser eleito vereador pelo PSDB. Seu ídolo político: José Serra. “Entrei no PSDB por lealdade a Serra”, afirmou.

 

Se você quiser entender melhor as ameaças vale a pena ler a entrevista que a jornalista Eliane Brum, da Época, fez com o repórter.

 

O fato é que agora Telhada é uma das mais novas e fortes lideranças que o tucanato paulistano faz emergir das urnas. Ele foi o quinto mais votado da cidade, com 89.053 votos, e ainda conseguiu ver eleito o ex-comandante geral da Polícia Militar de São Paulo, Coronel Álvaro Camilo, que comandou as operações do Pinheirinho e da Cracolândia.

 

Recentemente o governador Geraldo Alckmin deu uma declaração que expressa um pouco da lógica deste novo PSDB: “Quem não reagiu está vivo”. A frase poderia ser o slogan desta nova face do partido que nasce das urnas paulistanas.

 

Uma nova face do partido que ignora completamente o fato de um jornalista estar vivendo foragido do seu país por conta das ameaças sofridas por um membro do partido. Nem Alckmin e nem Serra deram uma declaração sequer sobre o caso.

 

Ao contrário, Serra teve a coragem de dizer que vai pautar o debate deste segundo turno da eleição municipal pela questão da ética. Que ética é essa que aceita como natural que um jornalista seja ameaçado de morte por um vereador eleito pela sua chapa e tenha de viver fora do país? Que ética é essa que leva um governador a dizer que “quem não reagiu está vivo”?

 

É a ética da barbárie, que naturaliza chacinas e ameaças de morte. Pelo código desta novíssima ética se o jornalista ameaçado fosse um morador de periferia, provavelmente estaria morto.

 

André Camarante, Coronel Telhada, Folha de S. Paulo, Rota

 

*Renato Rovai e jornalista e editor da Revista Fórum.

 

Fonte: Blogo do Rovai

Nenhum comentário:

Marcadores