21/09/2005
Ideli mostra relações de Dantas com PSDB e PFL
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) vai pedir a quebra do sigilo do Opportunity Fund e do disco rígido de computadores apreendido no Banco Opportunity e que está em poder da Polícia Federal.
“Só assim teremos condições de desmontar o esquema de remessa ilegal de dinheiro para o exterior,” afirmou. Ideli apresentou o pedido durante depoimento do banqueiro Daniel Dantas às CPMIs da Compra de Votos e dos Correios. Ela abriu mão das perguntas para citar fatos que mostram as ligações de Dantas com o PSDB e PFL.
O Opportunity Fund foi criado para aplicação de estrangeiros na compra de estatais privatizadas durante o governo FHC, mas há suspeitas de que brasileiros se beneficiaram dele de forma ilegal, inclusive com a utilização do trabalho de doleiros.
Já o disco rígido foi apreendido pela PF, no ano passado, durante investigações relacionadas a operações de espionagem do grupo Kroll, contratado pelo Opportunity, do empresário Daniel Dantas.
Ideli Salvatti citou entre as ligações de Dantas com o tucanato seu sócio, Pérsio Arida, que foi presidente do Banco Central, no governo FHC. Ela lembrou também que a irmã de Dantas, Verônica Dantas, é sócia de outra Verônica, a Verônica Serra, filha do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB).
Em relação ao PFL, a senadora destacou que, em 1982, com apenas 27 anos, Daniel Dantas já era conselheiro do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ideli Salvati citou vários processos que o banqueiro responde por formação de quadrilha, evasão de divisas, tráfico de influência, entre outras acusações. “Se 10% de tudo de que ele é acusado for comprovado, a Justiça já terá razões suficientes para prendê-lo”, afirmou.
Ela acrescentou que é por essa razão que ele depõe protegido por um habeas corpus, dando-lhe direito ao silêncio. Na avaliação de Ideli, a grande contribuição das CPMIs será conseguir a quebra dos dois sigilos propostos e a investigação desses segredos.
A senadora fez questão de lembrar que Daniel Dantas foi destituído do cargo de gerenciador dos Fundos de Pensão que operam com o grupo Opportunity e também do Citibank. “A razão foi o banqueiro ter operado em interesse próprio, em detrimento dos interesses dos fundos e do Citibank”, acrescentou.
Ideli Salvatti criticou ainda a amnésia de Daniel Dantas em relação ao publicitário Marcos Valério. “Há indícios muito fortes desta relação, mas Dantas não lembra. O caso Telemig Celular e a Portugal Telecom também ficou muito mal explicado”, destacou.
A senadora leu ainda trechos de uma carta aberta do ministro do STJ (Supremo Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, em que ele relata que foi ameaçado por ter concedido liminar contra o grupo Opportunity.
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