Como se observa, apesar da manipulação da mídia e também das limitações do atual governo, a sucessão não será um passeio para direita brasileira. Ela agora se arrepende de não ter reunido condições, inclusive com a ajudinha de setores de esquerda, para derrubar o governo Lula no auge da crise política em meados do ano passado. “FHC continua lamentando o fato de a oposição não ter pedido o impeachment de Lula”, afirma o bem informado jornalista Thomas Traumann. Passado o vendaval da crise, o governo retomou as iniciativas políticas e a oposição de direita caiu na incerteza. A disputa eleitoral voltou a ficar equilibrada!
Num cenário mais racional, o povo passa a fazer suas escolhas. Uma coisa é certa: ele não tem saudade do bloco liberal-conservador que destruiu o país. FHC, que reinou por oito anos, surge em todas as pesquisas com os piores índices de rejeição. É detestado pelo povo, o que acaba se refletindo nas chances eleitorais de seus apaniguados. Não é para menos que a atual cúpula do PSDB já pensa em afastá-lo de cena. Como argumenta o presidente do PT, Ricardo Berzoini, “os tucanos têm mania de subestimar a inteligência da população”. Nas pesquisas qualitativas, o governo Lula aparece com larga vantagem na comparação com a desastrosa gestão anterior em todos os quesitos – no social, no econômico, no político e, até, no ético!
Para quem achava que a sucessão presidencial já estava decidida, a disputa promete fortes tensões. Tende a ser polarizada, não permitindo terceiras vias ou abstinências políticas – que só farão o jogo do inimigo. Também deverá ser bem mais racional, menos emotiva, exigindo argumentos e propostas consistentes e viáveis para conquistar o eleitorado. As forças de sustentação do governo Lula saíram das cordas e estão melhores posicionadas para o embate.
Mas não devem subestimar o inimigo. Quatro mensagens aparecem como decisivas na campanha: denunciar a herança maldita dos tucanos, que devastaram o Brasil; fazer as comparações entre as gestões, que revelam as abissais diferenças entre Lula e o bloco liberal-conservador; demarcar com o programa ultraliberal dos tucanos, que já está no forno; e, no que se refere ao governo em exercício, sinalizar com novas mudanças que levem à superação da ortodoxia econômica neoliberal.
Altamiro Borges é jornalista
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