Estive dando uma olhada no
SITE DO VERMELHO e tive a grata surpresa em encontrar por lá, uma matéria sobre MÁRIO QUINTANA, a quem o dia 30 registra o centenário de nascimento desse poeta- Mário de Miranda Quintana- Mas quem é QUINTANA?
Mário nasceu em Alegrete (RS), filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Trabalhou na farmácia da família. Publicou seus primeiros trabalhos em 1919, na revista Hyloea, órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio Militar de Porto Alegre. Em 1929, começou a trabalhar na redação do diário O Estado do Rio Grande. No ano seguinte, entusiasmado com a revolução de Getúlio Vargas, foi para o Rio de Janeiro, como voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Em 1931 voltou à capital gaúcha e à redação de O Estado do Rio Grande. A partir de 1934 passou a trabalhar também como tradutor. Verteu para o português 138 obras de Giovanni Papini, Fred Marsyat, Charles Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Marcel Proust, Voltaire, Virginia Woolf, Maupassant, dentre outros, quase sempre sob a direção do romancista gaúcho Érico Veríssimo.
Quintana desagrada ao leitor exigente por possuir este aspecto relativamente facilitador da poesia, que ele soube muito bem revelar. Um caso famoso é um poema-trocadilho que corre mundo e que é tido como uma de suas supremas criações.
Chama-se “Poeminha do contra” e diz assim:
“Esses que aí estão / Atravessando meu caminho / Eles passarão / Eu passarinho”.O poema tem a virtude do trocadilho, que também é seu limite filosófico: ao opor singelamente o “eu” que fala aos “eles” atravessadores, o poema acaba sendo ao mesmo tempo trivial, na linha do argumento infantil que culpa o mundo pelos insucessos, e profundamente representativo do ambíguo sentimento de inferioridade (que alterna com o de superioridade) que muitos se deparam na política e com apoio a esse candidato, O GERALDO ALCKMIN e seu PSDB (só FREUD explica) .
Este Quintana mistura auto-suficiência com autopiedade, nos dois casos ficando longe da maturidade, seja a poética, seja a existencial.
O que eu mais gosto em sua obra são certos poemas da maturidade, como aqueles em que evoca a figura paterna com doçura, gravidade e melancolia, alcançando o patamar alto da poesia brasileira em sua geração. Tal é o caso de “O velho no espelho”, poema que está em um de seus maiores livros, “Apontamentos de história sobrenatural”, de 1976:
Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus, meu Deus... Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Aqui sim temos grande poesia em todos os níveis, dos mais superficiais aos mais radicais.
E também gosto do Quintana realmente sutil, que quando resolveu fazer um poema como “O mapa” percebeu que a sua Porto Alegre não deve ser saudada em seus aspectos óbvios, de cartão postal que pode até enganar turistas apressados, mas não aos que a freqüentam com perspicácia:
nada de pôr-de-sol, nada de monumentos, e tudo de ausências, coisas apenas entrevistas, lances de olhar que flagram e perdem de vista, nuanças - tanta nuança de parede, tanta rua não visitada, sempre alguma coisa indizível que a poesia traz à tona apenas de través, de banda, “suave mistério amoroso”.
Graaande QUINTANA!!!!