quinta-feira, 5 de julho de 2007

Hurricane III: Lobby da máfia do jogo atua no Congresso




RIO -

De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal 'O Globo'

Um braço da máfia dos caça-níqueis do Rio que atua no Congresso Nacional foi identificado nesta quarta-feira pela Polícia Federal com a deflagração da terceira fase da Operação Hurricane (furacão, em inglês). Das 13 pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada na terça pela Justiça Federal, duas são suspeitas de fazerem lobby entre deputados federais da CPI dos Bingos para beneficiar “banqueiros” de bicho e empresários de jogos ilegais.

O advogado Wilber Corrêa da Silva, preso em Brasília, e o empresário José Ferreira dos Nascimento, o Zé Índio, ex-deputado federal preso em São Paulo, teriam agido para impedir que o ex-presidente da Associação de Bingos do Rio José Renato Granado Ferreira, preso na primeira fase da Hurricane, prestasse depoimento à CPI . Os lobistas obtiveram sucesso: em mais de um ano de atividades, a CPI não tomou o depoimento de Granado e nem de nenhum dos integrantes da cúpula do jogo do bicho no Rio.

— Eu não me lembro se ele foi ou não intimado para depor. Você está me cobrando uma memória extraordinária, que eu não tenho — afirmou o senador Efraim de Moraes (DEM-PB), ex-presidente da CPI.

Controlada com mão de ferro por Efraim, a CPI dos Bingos escarafunchou informações que vão do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel à casa do lobby de Ribeirão Preto em Brasília. Mas passou ao largo de crimes que a PF e o Ministério Público Federal imputam aos chefes dos jogos no país. Eleito deputado federal em 1998 pelo PPB com 107.381 votos, Zé Índio construiu sua carreira política no grupo liderado pelo ex-prefeito e ex-governador Paulo Maluf.

Oito pessoas presas na terceira fase

Na operação, deflagrada nesta terça-feira,

oito pessoas suspeitas de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis foram presas

. Ao todo, a terceira fase da Hurricane chegou a 15 pessoas — denunciadas pelo MP por crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Treze delas tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal, mas quatro já estavam presas desde a primeira fase da operação. O restante do grupo é formado por dois delegados federais (Flávio Furtado e Osvaldo da Cruz Ferreira), um escrivão da ativa (Carlos Alberto Araújo Lima) e outro aposentado (Sebastião Miranda Monteiro); o funcionário civil da PF Marcos Vinicius Saraiva; o advogado Wilber e o empresário José Ferreira. O único que não foi preso, Gustavo Alberini, teria viajado para a Europa na semana passada. Foi presa ainda Marinilde de Fátima Rodrigues Ferreira, mulher de Osvaldo.

O delegado Delci Teixeira, superintendente da Polícia Federal, informou que, durante as investigações, ficou também provada a participação do delegado Osvaldo Ferreira, da Delegacia de Polícia Fazendária, em vários casos de corrupção envolvendo empresários. Num dos casos, ele foi flagrado em escutas telefônicas tentando supostamente achacar empresários, entre eles um ligado à Cervejaria Brahma (Ambev). Em outro caso, Osvaldo teria supostamente pedido a um advogado R$ 30 mil para arquivar um inquérito do seu cliente.

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