Azeredo diz que ajudou na campanha de FHC em 1998
Pivô do escândalo que colocou o PSDB sob suspeita de ter se beneficiado do valerioduto, o senador Eduardo Azeredo (MG) afirmou que o dinheiro arrecadado para sua campanha, em 1998, foi usado para campanhas de deputados e senadores da sua coligação e, até mesmo, do então candidato à Presidência Fernando Henrique Cardoso, informa nesta quarta-feira reportagem da Folha( NA ÍNTEGRA NO FINAL DESSE POST). Segundo a reportagem, oficialmente foram gastos R$ 8,5 milhões na campanha. À Folha, Azeredo disse ainda que as prestações de contas de campanhas políticas, no passado, eram mera "formalidade", que não "existia rigor".
O senador teria dito também que contou na eleição para o governo de Minas, em 1998, com o apoio do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), inclusive na captação de recursos --Walfrido não tinha o papel de coordenador, mas participava de tudo.
O relatório final do inquérito da PF que investigou o suposto esquema do valerioduto em Minas, citou Walfrido, Azeredo e indiciou 36 pessoas.
O documento também reproduz lista que descreve o envio de R$ 110 mil do esquema para a campanha do então candidato a deputado e atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Com base no inquérito, os investigados poderão ser denunciados ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que afirmou ontem à Folha que irá desconsiderar as conclusões da Polícia Federal no inquérito do valerioduto mineiro para decidir sobre o oferecimento da denúncia criminal. Souza disse que ainda não sabe se incluirá o ministro Walfrido Mares Guia entre os denunciados.
Apoio
Walfrido recebeu nesta terça-feira apoio de líderes partidários da base aliada do governo. O líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), afastou a hipótese de o ministro ser afastado do cargo em decorrência das acusações.
"Será uma decisão dele [Walfrido dos Mares Guia] e do presidente da República", afirmou o líder. "Ele não vai deixar o governo [de imediato]. Isso não está sendo aventado em hipótese alguma. Não podemos ficar mudando um ministro com base em especulações", disse.
À Folha, o ministro disse que pretende permanecer no cargo de articulador político do governo mesmo que seja denunciado pela Procuradoria Geral da República no inquérito que apura o esquema do valerioduto mineiro. "Minha disposição é a seguinte: eu vou enfrentar a denúncia como ministro; denúncia não é culpa."
Segundo a reportagem, questionado se havia acertado essa estratégia com Lula, Walfrido ressalvou ser essa sua disposição, mas que seu futuro pertence ao presidente: "Não sou dono do meu cargo. Já informei o presidente que estou seguro da minha inocência, mas também disse que se estiver prejudicando o governo não serei nenhum empecilho".
Críticas
Parlamentares do PSDB criticaram o fato de Azeredo ter revelado à Folha que o ex-presidente FHC teria usado recursos de caixa dois de sua campanha.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o senador foi longe demais ao envolver o ex-presidente no suposto esquema irregular.
"O senador foi infeliz nessa declaração. Eu tenho sido solidário ao senador Azeredo, mas tive que dizer que não aprovei a entrevista [à Folha]. Ele trouxe à baila pessoas que não têm nada a ver com os problemas que o envolvem", disse Virgílio.
Segundo o líder, o ex-presidente não tem qualquer ligação com as denúncias de caixa dois que envolvem o senador tucano. "O mais histérico adversário do ex-presidente não vai achar que ele tem ligação com aquilo. Eu aceito tudo o que é verdade, só não gosto de história de carochinha", afirmou o líder.
Pivô do escândalo que colocou o PSDB sob suspeita de ter se beneficiado do valerioduto, o senador Eduardo Azeredo (MG) afirmou que prestações de contas de campanhas políticas, no passado, eram mera "formalidade", que não "existia rigor". Azeredo disse que teve "problemas" ao prestar contas, mas que a campanha envolvia outros cargos e partidos. Disse que contou na eleição para o governo de Minas, em 1998, com o apoio do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), inclusive na captação de recursos. Segundo o senador, Walfrido não tinha o papel de coordenador, mas participava de tudo. Azeredo afirmou ainda que o dinheiro arrecadado para sua campanha -oficialmente foram gastos R$ 8,5 milhões- foi usado para campanhas de deputados e senadores da sua coligação e, até mesmo, do então candidato à Presidência Fernando Henrique. "Ele não foi a Minas, mas tinha comitês bancados pela minha campanha."
FOLHA - A Polícia Federal diz que houve caixa dois na sua campanha...
FOLHA - Que "problemas"?
FOLHA - O sr. acha que sua campanha custou quanto na verdade?
FOLHA - Qual foi a participação do Walfrido na campanha do sr.?
FOLHA - De que forma? Na parte política ou na captação de recursos? AZEREDO - Participou da campanha como um todo.
FOLHA - A PF achou papéis em que o ministro fez anotações de valores arrecadados. Ele tem conhecimento dos valores não contabilizados?
FOLHA - Mas o senhor disse que ele participou de toda a campanha, o que me faz concluir que também da parte de arrecadação de dinheiro.
FOLHA - Com relação ao empréstimo que o ministro Walfrido disse que pagou em seu nome por dívidas de campanha. O sr. pediu para ele? AZEREDO - Como não tinha e não tenho até hoje posses que me garantam tirar empréstimo bancário maior, o Walfrido é que tirou o empréstimo, com meu aval para quitar a dívida.
FOLHA - O sr. vai pagar o ministro? AZEREDO - Não. É uma dívida que foi quitada porque ele é meu amigo, continua sendo e tem condições de poder arcar com uma dívida dessas.
FOLHA - Com relação ao PSDB, o governador José Serra não quis comentar sobre o senhor.
FOLHA - O dinheiro da sua campanha financiou a de FHC em Minas? AZEREDO - Sim, parte dos custos foram bancados pela minha campanha. Fernando Henrique não foi a Minas na campanha por causa do Itamar Franco, que era meu adversário, mas tinha comitês bancados pela minha campanha.
FOLHA - Por que o senhor acha que esse assunto voltou à tona agora?
Pivô do escândalo que colocou o PSDB sob suspeita de ter se beneficiado do valerioduto, o senador Eduardo Azeredo (MG) afirmou que o dinheiro arrecadado para sua campanha, em 1998, foi usado para campanhas de deputados e senadores da sua coligação e, até mesmo, do então candidato à Presidência Fernando Henrique Cardoso, informa nesta quarta-feira reportagem da Folha( NA ÍNTEGRA NO FINAL DESSE POST). Segundo a reportagem, oficialmente foram gastos R$ 8,5 milhões na campanha. À Folha, Azeredo disse ainda que as prestações de contas de campanhas políticas, no passado, eram mera "formalidade", que não "existia rigor".
O senador teria dito também que contou na eleição para o governo de Minas, em 1998, com o apoio do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), inclusive na captação de recursos --Walfrido não tinha o papel de coordenador, mas participava de tudo.
O relatório final do inquérito da PF que investigou o suposto esquema do valerioduto em Minas, citou Walfrido, Azeredo e indiciou 36 pessoas.
O documento também reproduz lista que descreve o envio de R$ 110 mil do esquema para a campanha do então candidato a deputado e atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Com base no inquérito, os investigados poderão ser denunciados ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que afirmou ontem à Folha que irá desconsiderar as conclusões da Polícia Federal no inquérito do valerioduto mineiro para decidir sobre o oferecimento da denúncia criminal. Souza disse que ainda não sabe se incluirá o ministro Walfrido Mares Guia entre os denunciados.
Apoio
Walfrido recebeu nesta terça-feira apoio de líderes partidários da base aliada do governo. O líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), afastou a hipótese de o ministro ser afastado do cargo em decorrência das acusações.
"Será uma decisão dele [Walfrido dos Mares Guia] e do presidente da República", afirmou o líder. "Ele não vai deixar o governo [de imediato]. Isso não está sendo aventado em hipótese alguma. Não podemos ficar mudando um ministro com base em especulações", disse.
À Folha, o ministro disse que pretende permanecer no cargo de articulador político do governo mesmo que seja denunciado pela Procuradoria Geral da República no inquérito que apura o esquema do valerioduto mineiro. "Minha disposição é a seguinte: eu vou enfrentar a denúncia como ministro; denúncia não é culpa."
Segundo a reportagem, questionado se havia acertado essa estratégia com Lula, Walfrido ressalvou ser essa sua disposição, mas que seu futuro pertence ao presidente: "Não sou dono do meu cargo. Já informei o presidente que estou seguro da minha inocência, mas também disse que se estiver prejudicando o governo não serei nenhum empecilho".
Críticas
Parlamentares do PSDB criticaram o fato de Azeredo ter revelado à Folha que o ex-presidente FHC teria usado recursos de caixa dois de sua campanha.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o senador foi longe demais ao envolver o ex-presidente no suposto esquema irregular.
"O senador foi infeliz nessa declaração. Eu tenho sido solidário ao senador Azeredo, mas tive que dizer que não aprovei a entrevista [à Folha]. Ele trouxe à baila pessoas que não têm nada a ver com os problemas que o envolvem", disse Virgílio.
Segundo o líder, o ex-presidente não tem qualquer ligação com as denúncias de caixa dois que envolvem o senador tucano. "O mais histérico adversário do ex-presidente não vai achar que ele tem ligação com aquilo. Eu aceito tudo o que é verdade, só não gosto de história de carochinha", afirmou o líder.
Azeredo afirma que ajudou na campanha de FHC em 98
Segundo senador, dinheiro arrecadado foi usado por comitês do ex-presidente
Sobre Walfrido, o tucano diz que o ministro não tinha o papel de coordenador, mas que "participou da campanha ativamente"
Segundo senador, dinheiro arrecadado foi usado por comitês do ex-presidente
Sobre Walfrido, o tucano diz que o ministro não tinha o papel de coordenador, mas que "participou da campanha ativamente"
ENTREVISTA:
ANDREZA MATAIS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ANDREZA MATAIS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pivô do escândalo que colocou o PSDB sob suspeita de ter se beneficiado do valerioduto, o senador Eduardo Azeredo (MG) afirmou que prestações de contas de campanhas políticas, no passado, eram mera "formalidade", que não "existia rigor". Azeredo disse que teve "problemas" ao prestar contas, mas que a campanha envolvia outros cargos e partidos. Disse que contou na eleição para o governo de Minas, em 1998, com o apoio do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), inclusive na captação de recursos. Segundo o senador, Walfrido não tinha o papel de coordenador, mas participava de tudo. Azeredo afirmou ainda que o dinheiro arrecadado para sua campanha -oficialmente foram gastos R$ 8,5 milhões- foi usado para campanhas de deputados e senadores da sua coligação e, até mesmo, do então candidato à Presidência Fernando Henrique. "Ele não foi a Minas, mas tinha comitês bancados pela minha campanha."
FOLHA - A Polícia Federal diz que houve caixa dois na sua campanha...
EDUARDO AZEREDO - Tivemos problemas na prestação de contas da campanha, que não era minha só, mas de partidos coligados, que envolvia outros cargos, até mesmo de presidente da República.
FOLHA - Que "problemas"?
AZEREDO - Essas prestações de contas no passado eram mais uma formalidade, é hipocrisia negar isso, não existia rigor. O que se conclui é que no caso de Minas, a minha [prestação] foi a mais alta naquele ano, foi ela que se aproximou mais da realidade. E se concluiu que houve recursos a mais que não chegaram a ser formalizados.
FOLHA - O sr. acha que sua campanha custou quanto na verdade?
AZEREDO - Os R$ 8,5 milhões que informamos e alguma coisa a mais que teve do empréstimo que eu não autorizei. Mas nunca perto dos R$ 100 milhões que estão falando.
FOLHA - Qual foi a participação do Walfrido na campanha do sr.?
AZEREDO - Ele não foi coordenador [da campanha], o coordenador foi o ex-deputado Carlos Eloy, mas é evidente que o Walfrido participou da campanha ao meu lado ativamente.
FOLHA - De que forma? Na parte política ou na captação de recursos? AZEREDO - Participou da campanha como um todo.
FOLHA - A PF achou papéis em que o ministro fez anotações de valores arrecadados. Ele tem conhecimento dos valores não contabilizados?
AZEREDO - Acho que ele é quem deve explicar. Cabe a mim dizer que ele participou da campanha, mas não era coordenador.
FOLHA - Mas o senhor disse que ele participou de toda a campanha, o que me faz concluir que também da parte de arrecadação de dinheiro.
AZEREDO - É evidente que ele tinha relações com pessoas que podiam apoiar a campanha.
FOLHA - Com relação ao empréstimo que o ministro Walfrido disse que pagou em seu nome por dívidas de campanha. O sr. pediu para ele? AZEREDO - Como não tinha e não tenho até hoje posses que me garantam tirar empréstimo bancário maior, o Walfrido é que tirou o empréstimo, com meu aval para quitar a dívida.
FOLHA - O sr. vai pagar o ministro? AZEREDO - Não. É uma dívida que foi quitada porque ele é meu amigo, continua sendo e tem condições de poder arcar com uma dívida dessas.
FOLHA - Com relação ao PSDB, o governador José Serra não quis comentar sobre o senhor.
AZEREDO - Sempre tive apoio do partido e tenho total confiança de que terei o apoio necessário no momento necessário. Serra me deu não só solidariedade, mas apoio também.
FOLHA - O dinheiro da sua campanha financiou a de FHC em Minas? AZEREDO - Sim, parte dos custos foram bancados pela minha campanha. Fernando Henrique não foi a Minas na campanha por causa do Itamar Franco, que era meu adversário, mas tinha comitês bancados pela minha campanha.
FOLHA - Por que o senhor acha que esse assunto voltou à tona agora?
AZEREDO - O PT colocou esse assunto no seu congresso porque não está satisfeito com a presença de um ministro [Walfrido] que não seja do seu partido e como compensação para o desgaste que o partido sofreu pela aceitação do STF de abertura do processo do mensalão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário