quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mensalão tucano

por Gilson Reis*


Há poucos dias a imprensa brasileira destacava nos noticiários das redes de televisão, nas manchetes de jornais e nas capas de revistas semanais, a criminalização de José Dirceu e os quarentas mensaleiros, exigindo dos Ministros do Supremo Tribunal Federal a abertura de processo contra alguns dirigentes partidários e políticos da base aliada do governo Lula. O processo de "Caixa Dois", forma usual de arrecadação de fundos para campanha eleitoral, porém criminoso, foi denominado pelo Deputado Federal Roberto Jefferson de mensalão, e transformado na maior batalha política entre o campo oposicionista neoliberal e a base do governo Lula.

A mídia brasileira chegou ao extremo da pressão contra os Ministros do STF e o poder judiciário, quando no dia anterior ao julgamento de abertura de processo, um jornalista do Jornal O Globo, fotografou correspondências eletrônicas que alguns Ministros trocavam entre si. Sabemos pelas leis brasileiras que a violação de correspondência é crime, entretanto, para a mídia fascista e inquisitora é apenas uma expressão da liberdade de imprensa, a mesma utilizada por Hitler para justificar o seu projeto de poder na Alemanha dos anos trinta do século passado.

A pressão deferida contra a suprema corte foi de tal monta que todos os quarentas suspeitos de envolvimento no processo de caixa dois já foram condenados, mesmo antes de instalados os júris e proclamada a sentença. A mídia condenou todos e investe diariamente no sentido de envolver, de alguma maneira, o Presidente Lula, isto tudo, é claro, a serviço de uma pretensa ação pela ética na política.

Todavia, sabemos que aqui pelas bandas de Minas Gerais, o esquema de "Caixa Dois" ou mensalão utilizado desgastar o governo Federal, teve origem entre os tucanos da mais alta plumagem. Sim, daqui das bandas das gerais! Conforme investigação do delegado Luiz Flavio Zampronha, somente para a campanha do então candidato ao Governo de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, foi repassada a bagatela de 28.515 milhões de reais. O processo de repasse obedecia aos mesmos procedimentos praticados posteriormente no esquema nacional: Marcos Valério, empresas estatais, empresas de publicidade, bancos privados, documentos fraudulentos e laranjas, tudo com o objetivo de dificultar toda e qualquer investigação.

A lista de políticos envolvidos no esquema das eleições de 1998 não se restringe ao ex-presidente do PSDB e ex-governador de Minas Gerais - atual Senador da República Eduardo Azeredo. A Lista contém nomes de 159 candidatos que foram beneficiados pelo esquema tucano. Dentre os envolvidos o que mais chama a atenção é o atual ocupante do Palácio da Liberdade, o Governador Aécio Neves. Para safar das denúncias o tucano trouxe a Minas Gerais, nas comemorações de 21 de abril, o Procurador Federal Antonio Fernando, responsável pela denúncia do esquema ao Supremo Tribunal Federal. Ao entregar a Medalha da Inconfidência Mineira, o governador tenta conspirar contra a verdade e os princípios que nortearam a luta de Tiradentes e seus mártires, e que com certeza não será assimilado pelo procurador.

Contudo, o que fica mais evidente é a maneira que a mídia nacional trata o assunto. Tirando uma ou outra publicação nacional, a grande maioria continua silenciosa. Quando trata do assunto, destacam a participação de ex. vice-governador Walfrido dos Mares Guia na gestão Azeredo. O atual Ministro de Relações Institucionais sempre foi ligado ao ninho tucano e aos esquemas da rede privada de ensino no Estado. O neolulista é um neoliberal convicto, portanto descomprometido com qualquer projeto de mudanças mais profundo em nosso país. O presidente Lula deveria urgentemente pedir o cargo e deixá-lo resolver suas pendências com a justiça, longe do governo.

Quanto à mídia, é urgente uma atitude mais firme por parte das instituições republicanas e do movimento popular. Não é possível que um país, ainda frágil em suas estruturas democráticas, continue sob a tutela perversa e a atitude fascista coordenada pelos grandes meios de comunicação. Fazem ou deixam de fazer de tudo que é minimamente respeitoso com a população brasileira. Agem conforme os interesses da famigerada elite branca e neoliberal deste país, com se todos estivéssemos mergulhados na mais plena ignorância humana. Para tanto proponho algumas reflexões e ações:

- O mensalão não é mineiro e sim mensalão tucano.

- Abertura imediata de processo contra Eduardo Azeredo no Senado Federal.

- Denunciar no Supremo Tribunal Federal todos os envolvidos, inclusive o atual Governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
- Que o Presidente Lula demita imediatamente o Ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia.

- Iniciar imediatamente uma campanha contra esta mídia fascista e covarde.

*Gilson Reis, Presidente do Sinpro - MG - Sindicato dos Professores e dirigente nacional da CSC.

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