Ambas compravam álcool combustível da empresa Pará Pastoril Agrícola (Pagrisa), flagrada com 1,1 mil trabalhadores escravos pelo Ministério do Trabalho e Emprego em junho.
O pacto é uma iniciativa do setor empresarial para evitar que o produto oriundo do trabalho escravo seja comercializado, o que gera perda de lucros para os escravocratas. Esta é uma forma de atuar contra a cadeia produtiva que sustenta o trabalho escravo. O documento foi lançado em 2005 com apoio do Instituto Ethos e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e conta com mais de 100 empresas signatárias .
Entre elas, estão também Esso, Repsol, Shell e Texaco além de bancos privados e grandes redes de supermercados.
Nesta semana, a Petrobras reafirmou que suspendeu os contratos com a Fazenda Pagrisa e informou, por meio da assessoria de imprensa, que só voltará a negociar com a empresa após a absolvição judicial. A Pagrisa responde a um processo na Justiça Federal do Pará, acusada de utilizar mão-de-obra escrava. Já a Ipiranga não respondeu as perguntas da reportagem.
Em 2004, criou um cadastro para divulgar o nome de empresas e fazendas flagradas cometendo esse crime, que além de multa pode acarretar prisão de até oito anos para os responsáveis. Conhecido como "lista suja", até a última atualização, em julho, constavam no documento192 infratores. Os relacionados não podem retirar empréstimos em bancos do governo e têm suspensos incentivos fiscais junto a agências regionais de desenvolvimento.
A fazenda Pagrisa é a maior produtora de etanol do estado do Pará e abastece o mercado interno. A empresa alega que não utiliza mão-de-obra escrava na propriedade e acusa os fiscais do ministério de terem cometido abusos durante a operação que libertou os trabalhadores. A denúncia é investigada por uma comissão do Senado que, na última audiência, ouviu duas versões sobre as condições de trabalho dos funcionários na fazenda.
A escravidão no Brasil deveria ter acabado há mais de 100 anos com a assinatura da Lei Áurea. No entanto, até hoje, com essa prática algumas empresas reduzem os custos de produção e aumentam o lucro. Na versão moderna do trabalho escravo, as pessoas são submetidos ao trabalho degradante aliado à servidão por dívida, isolamento devido à localização da área de trabalho, ou retenção de documentos, o que as impede de deixar o posto.
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