Rui Martins, de Berna, Suiça (o artigo foi publicado originalmente no site http://www.diretodaredacao.com/)
Vocês já devem ter visto em filmes ou, se não viram, já devem ter lido como os africanos eram tratados nos séculos ainda recentes do tráfico de escravos.
Nos mercados, equiparado a animal, o africano era exposto aos prováveis compradores praticamente nu, para se poderem ver seus músculos e aptidões para os trabalhos pesados. Nenhum respeito havia também com relação às escravas à venda, com seus seios e corpo mostrados sem qualquer cuidado e respeito. Além de objeto de trabalho, muitas iriam se tornar objetos de prazer.
Até dois séculos atrás, os negros não eram considerados seres humanos. A própria linguagem relacionada com os negros era de desprezo e de rejeição. Ainda mais recentemente, há menos de trinta anos, os negros sofriam as mesmas humilhações durante o apartheid, na África do Sul, tão bem descritas por um autor branco sul-africano, André Brink.
Pois bem, mandaram-me uma cópia de um trecho de um programa do Jô Soares, na TV Globo, que parece ter sido filmado na Paulicéia dos anos 1700 ou 1800, mostrando dois brancos, que poderiam ser fazendeiros de café, se divertindo com histórias sexuais de negras.
Para que não seja considerado exagero de minha parte, estou juntando ao fim desta coluna o link para vocês poderem ouvir os diálogos e ver as fotos ilustrativas transmitidos pela maior rede brasileira de televisão para milhões e milhões de brasileiros, fazendo brancos rirem de negros e negros se sentirem mais uma vez humilhados.
Como se não bastasse, o diálogo, que não era de confidências entre etnólogos colonizadores, fazia referências a crianças negras de seis e sete anos, em termos sexuais. Uma conversa digna de pedófilos e de pessoas acostumadas a considerarem os africanos como seres de hábitos inferiores e desprezíveis, mas coisa normal na África.
É verdade que existem na África do Sul dos dias de hoje crendices ligadas à maneira de se evitar a Aids envolvendo crianças. Mas a mídia africana procura informar essas populações, utilizando o teatro e orientação nos vilarejos, nunca com chacotas, porque a questão é séria demais para ser tratada com o comportamento de visitantes de zoológico.
Enfim, a maneira aviltante como se fala das mulheres angolanas é também ofensiva para todas as mulheres, seja qual for sua cor ou país. É uma conversa entre dois machistas racistas. Se não me engano, é o mesmo apresentador que, considerando-se intocável, desrespeitou a ex-prefeita de São Paulo referindo-se à uma sua roupa íntima.
O mínimo que se pode esperar numa situação dessas é um mea culpa do apresentador, do seu convidado e da emissora, desculpando-se por tanta ofensa gratuita transmitida para a população.
Caso isso não ocorra, seria muito justo e normal a decisão de alguma associação anti-racista ou de um promotor público processar os responsáveis. Não se trata de censurar, mas de punir o desrespeito e o racismo.
Como uma emissora de televisão que poderia ajudar num grande plano cultural brasileiro pode se rebaixar a esse ponto, como se quisesse retornar aos vergonhosos e desonrosos diálogos da época da escravidão ?
Aí vai o link
Vocês já devem ter visto em filmes ou, se não viram, já devem ter lido como os africanos eram tratados nos séculos ainda recentes do tráfico de escravos.
Nos mercados, equiparado a animal, o africano era exposto aos prováveis compradores praticamente nu, para se poderem ver seus músculos e aptidões para os trabalhos pesados. Nenhum respeito havia também com relação às escravas à venda, com seus seios e corpo mostrados sem qualquer cuidado e respeito. Além de objeto de trabalho, muitas iriam se tornar objetos de prazer.
Até dois séculos atrás, os negros não eram considerados seres humanos. A própria linguagem relacionada com os negros era de desprezo e de rejeição. Ainda mais recentemente, há menos de trinta anos, os negros sofriam as mesmas humilhações durante o apartheid, na África do Sul, tão bem descritas por um autor branco sul-africano, André Brink.
Pois bem, mandaram-me uma cópia de um trecho de um programa do Jô Soares, na TV Globo, que parece ter sido filmado na Paulicéia dos anos 1700 ou 1800, mostrando dois brancos, que poderiam ser fazendeiros de café, se divertindo com histórias sexuais de negras.
Para que não seja considerado exagero de minha parte, estou juntando ao fim desta coluna o link para vocês poderem ouvir os diálogos e ver as fotos ilustrativas transmitidos pela maior rede brasileira de televisão para milhões e milhões de brasileiros, fazendo brancos rirem de negros e negros se sentirem mais uma vez humilhados.
Como se não bastasse, o diálogo, que não era de confidências entre etnólogos colonizadores, fazia referências a crianças negras de seis e sete anos, em termos sexuais. Uma conversa digna de pedófilos e de pessoas acostumadas a considerarem os africanos como seres de hábitos inferiores e desprezíveis, mas coisa normal na África.
É verdade que existem na África do Sul dos dias de hoje crendices ligadas à maneira de se evitar a Aids envolvendo crianças. Mas a mídia africana procura informar essas populações, utilizando o teatro e orientação nos vilarejos, nunca com chacotas, porque a questão é séria demais para ser tratada com o comportamento de visitantes de zoológico.
Enfim, a maneira aviltante como se fala das mulheres angolanas é também ofensiva para todas as mulheres, seja qual for sua cor ou país. É uma conversa entre dois machistas racistas. Se não me engano, é o mesmo apresentador que, considerando-se intocável, desrespeitou a ex-prefeita de São Paulo referindo-se à uma sua roupa íntima.
O mínimo que se pode esperar numa situação dessas é um mea culpa do apresentador, do seu convidado e da emissora, desculpando-se por tanta ofensa gratuita transmitida para a população.
Caso isso não ocorra, seria muito justo e normal a decisão de alguma associação anti-racista ou de um promotor público processar os responsáveis. Não se trata de censurar, mas de punir o desrespeito e o racismo.
Como uma emissora de televisão que poderia ajudar num grande plano cultural brasileiro pode se rebaixar a esse ponto, como se quisesse retornar aos vergonhosos e desonrosos diálogos da época da escravidão ?
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Confiram vocês mesmos.
Contem com meu nome e minha assinatura se moverem uma ação.
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