sexta-feira, 28 de novembro de 2008

HELIO FERNANDES - Tribuna da Imprensa


Exigências do FMI FHC cumpriu integralmente
DOANDO NOSSO PATRIMÔNIO

Já contei aqui há muito tempo o que se chamou de "Acordos de Washington". Realizados no Brasil e na capital dos Estados Unidos. Participaram economistas "engajados" de lá e daqui. E mais importante. Estavam presentes FHC, ainda não presidente, e Nelson Rockefeller, um dos donos do mundo, por herança do nome.

Esses encontros eram preparados, planejados e monitorados pelos grandes bancos do mundo, sempre os mesmos. Os países ricos, muito bem assessorados pelos economistas do FMI, convenceram os países pobres (pobre, lógico, é força de expressão, principalmente em relação ao Brasil) de que só poderiam crescer e se desenvolver com AJUDA dos bancos multinacionais.

A primeira reunião ocorreu no Brasil em 1983, estávamos praticamente saindo da ditadura, quando a DÍVIDA EXTERNA cresceu bastante, a INTERNA ainda não existia.

A DÍVIDA EXTERNA, que pulou de 1 BILHÃO em 1960 para 60 BILHÕES nesse 1983, a partir daí passou a dar saltos fenomenais. É que os juros foram aumentados barbaramente, o que, logicamente, jogou o principal lá para o alto.

No ano de 2000, essa DÍVIDA EXTERNA estava em 240 BILHÕES. O grande incentivador desse crescimento foi FHC, que participou do fato duplamente. Como simples convidado em 1983 (aqui na filial) e em 1985 (lá na matriz), e depois como presidente.

Como o assunto é vastíssimo e afeta diretamente a nossa soberania, hoje vou escrever unicamente sobre a monstruosa DÍVIDA INTERNA.

Até 1992 não havia DÍVIDA INTERNA. Começou timidamente com Itamar Franco, já com FHC como ministro da Fazenda, logo a seguir. Quando o próprio FHC assumiu a presidência em 1º de janeiro de 1995, a DÍVIDA INTERNA estava em 62 BILHÕES. (Tanto faz de dólar ou de real, inventaram a absurda paridade). Cumprindo como presidente o que fora acertado em 1983 e 1985, FHC foi elevando a DÍVIDA.

De 62 bilhões passou quase a 100 bilhões em 1997, 250 bilhões em 1998, já então com a REEELEIÇÃO comprada não pelo mensalão e sim paga à vista, a tanto por cabeça. Quando foi obrigado a deixar o governo (não obteve o terceiro mandato), essa DÍVIDA já beirava os 750 BILHÕES.

E mais grave ainda: FHC criou a Comissão de DESESTATIZAÇÃO, e colocou nela homens que passaram a exibir um ENRIQUECIMENTO COLOSSAL, sem qualquer explicação.

O próprio FHC ia para a televisão, várias vezes, muitas vezes, inúmeras vezes, sempre com o mesmo discurso: "Temos que vender empresas estatais para poder pagar os juros da DÍVIDA INTERNA". Só que as estatais de todos os setores iam sendo entregues e a DÍVIDA crescendo cada vez mais. Com FHC, os juros para pagamento dessa DÍVIDA chegaram a 48 por cento, não sei que palavra usar para rotular essa bandalheira. (Talvez seja essa mesma, b-a-n-d-a-l-h-e-i-r-a).

Essas estatais, que nas palavras do próprio FHC "estavam sendo vendidas", na verdade eram apenas DOADAS, por causa dos preços inacreditavelmente baixos. Só para citar a Vale, cujo patrimônio era de 3 TRILHÕES, entregue por 3 BILHÕES. E ainda financiados pelo BNDES, que entregou fortunas ao Bradesco-Bradespar e a outros "donos" de bancos falidos, que passaram a potências financeiras e até políticas.

Até mesmo a Petrobras ia sendo entregue, só que FHC não teve coragem de DOÁ-LA. Mas assinou a Lei 9478, que arruinou uma parte da empresa e criou as inacreditáveis L-I-C-I-T-A-Ç-Õ-E-S. O governador Requião quis tornar essa LICITAÇÃO no que era, inconstitucional. Ganhava por 4 a 0, Jobim fez um gesto, um ministro "pediu vista", entregou o processo meses depois. O governador Requião perdeu por 7 a 4.

PS - Entregaram tudo, Furnas foi salva por causa do espírito público do seu presidente, Luiz Carlos Santos. Perdemos riquezas e não apenas minérios. Todos os bancos estaduais se transformaram em multinacionais.

PS 2 - O presidente Lula poderia ter REESTATIZADO tudo. Os países do mundo não inventaram, agora, o SOCIALISMO-ESTATAL? Lula poderia ter se antecipado.

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