terça-feira, 25 de novembro de 2008

Provas para quê?

A crise entre o diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, e setores divergentes do órgão ganhou um novo capítulo nesta terça-feira 25. O presidente da Associação de Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe, acusou Lacerda de quebrar o sigilo de conversas trocadas via internet por servidores do órgão. “Eles estavam externando a repulsa à direção, e então se iniciou uma investigação que quebrou o sigilo sem autorização judicial”, afirmou.

Kluwe não apresentou provas nem disse quando foi o ocorrido. Apenas entregou um ofício sobre o caso ao presidente da CPI dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ). Como mostra a mais recente edição de CartaCapital, Kluwe responde a processos por advocacia administrativa na corregedoria da Abin, e a queda de Lacerda poderia resultar no arquivamento das denúncias.

Na audiência da CPI, o discurso de Kluwe e do deputado Marcelo Itagiba estavam afinados. Enquanto Itagiba colocou em foco a figura de Lacerda, Kluwe respondia as perguntas prontamente com críticas ao diretor afastado e à corregedoria do órgão, que, vale lembrar, o investiga. “A corregedoria tem uma cultura de polícia”, disse.

Um dos pontos criticados pela dupla foi a participação informal de agentes da Abin na operação Satiagraha, da Polícia Federal. “É um princípio do órgão de inteligência: inexiste a informalidade”, disse o presidente da Asbin. Kluwe responsabilizou Lacerda. “Sob os ombros dele está a responsabilidade sobre o que acontece ou deixa de acontecer”, afirmou. Kluwe sempre se manifestava em nome da “voz corrente” dos servidores.

Coube ao deputado tucano Gustavo Fruet (PR) a tarefa de perguntar sobre as denúncias que CartaCapital noticiou. Kluwe disse ser inocente e que os processos na corregedoria são “infames”. O presidente da Asbin disse também que as investigações contra ele têm cunho político, em razão da proximidade com a eleição para presidência da entidade.

Junto com Fruet, o deputado Simão Sessim (PP-RJ) questionou o discurso de Kluwe. “Na mídia o senhor aparece como um contestador e aqui se coloca na defensiva, como vítima. Onde buscar a verdade entre as duas versões?”, disse. E Sessim prosseguiu. “O que é essa voz corrente que o senhor fala?”. A resposta de Kluwe: “É um movimento virtual, não necessariamente físico”.

A CPI deixou de lado a notícia do jornal O Globo sobre Kluwe ser o suposto autor do grampo ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Nos poucos momentos que o assunto foi discutido, Kluwe negou ser o autor do grampo.

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