quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Líder do PSB reafirma que "mensalão" foi criação da mídia

 "Todas as relações que tivemos sempre foram institucionais no âmbito das relações do governo e nunca testemunhei, nunca estive presente e nunca ouvi falar sobre esse assunto que foi estampado pela mídia brasileira (...)., afirmou nesta terça-feira (3), o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

Albuquerque prestou depoimento à juíza Pollyana Kelly Martins Alves, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal na condição de testemunha de defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, ambos réus na ação penal do mensalão.

Com base em notícias da imprensa, o mensalão foi classificado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um "esquema" no qual parlamentares supostamente recebiam dinheiro em troca de apoio a projetos do governo no Congresso. O MPF foi o órgão responsável por denunciar o esquema – a denúncia foi aceita em agosto de 2007 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu uma ação penal para julgar o caso.

“Nunca houve compra de votos na relação do governo com a Câmara dos Deputados. Nunca testemunhei isso, desconheço qualquer tipo de relações de negócios em relação a votos”, disse o parlamentar durante o depoimento. “Acho até absurdo que se possa imaginar que possa ter havido compra de votos na Câmara”, completou.

Beto Albuquerque confirmou que conhece José Dirceu, com quem, segundo ele, teve uma "ampla relação institucional". O deputado, porém, disse não conhecer pessoalmente Delúbio Soares e se mostrou surpreso pelo fato de ter sido arrolado como testemunha pelo ex-tesoureiro petista. “[Ser testemunha do] Delúbio para mim é uma novidade”, observou.

Deputado federal desde 1999 e vice-líder do governo desde o começo do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, Albuquerque disse que na relação de trabalho que teve com José Dirceu testemunhou apenas debates políticos. Por conta de seu suposto envolvimento com o mensalão, o ex-ministro teve seu mandato de deputado federal cassado e perdeu os direitos políticos por oito anos.

“Todas as relações que tivemos sempre foram institucionais no âmbito das relações do governo e nunca testemunhei, nunca estive presente e nunca ouvi falar sobre esse assunto que foi estampado pela mídia brasileira (...). A única coisa que sempre testemunhei foi um debate do ponto de vista político”, afirmou Beto Albuquerque.

Casa Civil

O deputado confirmou que a relação entre a Casa Civil e a liderança do governo na Câmara era bastante intensa na época em que José Dirceu era ministro. Segundo ele, a Casa Civil era uma referência de debates e encaminhamento de soluções para questões do governo, uma vez que a Secretaria de Relações Institucionais ainda não havia sido criada.

“Sempre convivi [com José Dirceu] de forma intensa durante todo o período e nunca ouvi falar [sobre o mensalão]. Nunca me passou pela cabeça que tenha havido negociação com deputados em relação a votos. Seria algo desnecessário de se fazer. O governo sempre teve uma base ampla”, destacou.

O vice-líder do governo afirmou também que não sabia quem era o empresário Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, antes de a imprensa divulgar o escândalo.

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